domingo, 28 de outubro de 2012

O Chafariz, por Juliana Souza


Em homenagem aos 23 anos de Samambaia, Markão lança sua música O Chafariz contando a história da cidade e o sofrimento de seus moradores. Por que o Chafariz? Por que era nele que os primeiros moradores da cidade tomavam banho. Não havia saneamento básico.

Ali habitavam os invasores que não tinham condições de pagar uma morada, outros que “ganharam lotes” e que na música de Markão vemos como “conquista de direitos, não doação de lotes”. Por que ele está certo em argumentar isso? Porque a Constituição Federal, em seu artigo 5º, garante ao cidadão brasileiro o direito à propriedade e em seu artigo 6º mostra que o Estado deve dar assistência ao desamparados. É direito social garantido por lei!

Dessa forma, os marginalizados, excluídos da sociedade por falta de poder econômico têm direito sim a moradia, educação, saúde, lazer. E o Estado tem obrigação sim de concedê-los. Não é favor, é obrigação.

Chega de “endeusar” políticos corruptos que só lembram da cidade em época eleitoral, enxergam a cidade como “curral eleitoral”. Eles não são celebridades, são empregados da sociedade e devem ser cobrados por todos os direitos que a sociedade possui e não são cumpridos.

Samambaia nasceu como favela, sem saneamento, sem estrutura. Apenas a classe pobre ou miserável habitava a cidade. Mas ela cresceu. Aos 23 anos Samambaia é pólo imobiliário. Prédios tomam conta do verde que antes existia.

No entanto, a classe menos favorecida dessa mesma cidade permanecem sem estrutura. Não possui lazer, não há teatro, cinema. Não têm cultura, o centro cultural está na promessa. O parque Três Meninas está abandonado. Escolas sucateadas. Pracinhas, ciclovias? Somente nas quadras pares... e nem tanto. As melhores estruturas da cidade moram nos maiores prédios – pura especulação imobiliária.

A falta de lazer e do que fazer faz os jovens de Samambaia ficarem ociosos e contribui para o aumento da violência e uso de drogas na cidade.
Completando 23 anos, Samambaia ainda sofre com a falta de vontade política. Uma cidade que cresceu em tamanho e população, mas que ainda sofre com o descaso público.

E como bom conhecedor e morador de Samambaia, Aborígene descreve com riqueza de detalhes, verdade e sentimento sobre essa trajetória de escassez e descaso político sofrido pelos moradores de Samambaia. Por que o descaso? Aborígene mostra. É classe sem poder econômico. Os políticos só se lembram para pedir votos... vivem no pão e circo.

O que fazer? Reivindicar, lutar, cobrar. “Negação de direitos ainda prospera” e como é direito você tem direito de cobrar e o Estado obrigação de acatar.

Damos os parabéns a atitudes como a de Markão em levar a consciência à comunidade através da música, em promover cultura de rua já que não há espaço, em ajudar menores em conflito com a lei fazendo assim o papel que o governo deveria fazer.

Façamos valer o direito social para todos ... porque “minha cidade não é curral eleitoral de ninguém”.

O Pão e Circo ainda existe, mas nós podemos acabar com isso.

Por Juliana Souza
Cientista Política

SAIBA MAIS: http://ochafariz.blogspot.com.br/

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